quinta-feira, 24 de novembro de 2022

A PRIMEIRA VERSÃO EM CARNE E OSSO DO HOMEM-ARANHA


Cartaz de "Homem-Aranha - O Filme" (1977)

Nos anos 70 o público americano viu pela primeira vez um dos heróis mais famosos das HQs ganhar vida na televisão, o Homem-Aranha (Spider-Man). Na mesma época outras séries baseadas nos heróis da Marvel e DC Comics já faziam sucesso com suas versões em carne e osso, como O Incrível Hulk, A Mulher Maravilha e Shazzam (Capitão Marvel). Sem dúvida, adaptar as aventuras do aracnídeo para filme ou série representaria um grande desafio, pois o herói lutava a maior parte do tempo pendurado em altos edifícos com suas teias, além de ter uma grande galeria de vilões com visuais fora do comum, o que tornaria seus efeitos e vestuários um tanto difíceis de se apresentar de forma verossímil. A saída foi compensar os longos embates aéreos por roteiros bem elaborados e trocar os vilões de visual e poderes excêntricos por bandidos comuns (exceto em alguns casos).

Assim, em 14 de setembro de 1977, foi apresentado pela Rede CBS um telefime intitulado Spider-Man (Homem-Aranha - O Filme no Brasil) que seria o piloto da série The Amazing Spider-Man (chamada apenas como Homem-Aranha no Brasil). O longa-metragem de 90 minutos apresentava a origem do herói, tendo sua identidade secreta, Peter Parker, interpretado por Nicholas Hammond, que entre outros papéis havia atuado no filme "A Noviça Rebelde", quando ainda era adolescente. 

Na época, Hammond estava com 27 anos, o que mostra uma possível tentativa da produção em mostrar um Peter Parker mais maduro que nos quadrinhos, proposta que fora muito bem desenvolvida pelo ator.

O astro Nicholas Hammond como Peter Parker

O roteiro mostrava Parker em suas primeiras tentativas de conseguir um trabalho como fotógrafo em meio período no jornal Clarim Diário, o que não foi nada fácil, já que o editor-chefe, J. Jonah Jameson (David White), era um homem muito ranzinza. Peter também trabalhava algumas horas do dia no laboratório de química da universidade em que estudava. O vilão deste filme foi um sujeito chamado Edward Byron (Thayer David), que usava de um clube de auto-ajuda, onde era palestrante, para hipnotizar pessoas, usando-as como objeto de chantagem ao governo para conseguir grandes quantias em dólares. 

A mocinha deste filme era uma moça chamada Judy Tyler (Lisa Eilbacher), que viu seu pai Noah Tyler (Ivor Francis), quase perder a vida, após ser hipnotizado no clube de Byron. Além de Peter Parker e J. Jonah Jameson, outros personagens originais dos quadrinhos que aparecem neste filme são Robbie Robertson (Hilly Hicks) e Tia May Parker (Jeff Donell). Um personagem adicional, que aparece no filme e nos demais episódios da primeira temporada é o Capitão Barbera, interpretado por Michael Pataki.

A origem do herói apresentada é bem mais simples e diferente que a dos quadrinhos, pois vemos Peter trabalhando com material radioativo no laboratório da universidade, ao lado de seu amigo Dave. Misteriosamente surge uma aranha dentro do equipamento, sendo atingida pela radiação. Peter chega a notar quado algo é atingido no aparelho, mas não consegue identificar a aranha, que se esconde ao lado de seu casaco. Quando foi recolher suas coisas para ir embora, a aranha o pica na mão, sendo que o rapaz não disse isso a ninguém e saiu caminhando para casa. 

Durante o trajeto, uma das vítimas de Byron, hipnotizada, dirigia um carro com grande quatia de dinheiro roubada de um banco, sendo que Peter se vê encurralado pelo veículo em um beco, sendo que instintivamente começa a escalar a parede para fugir do acidente. Assim Peter descobre seus novos poderes após ser picado pela aranha radioativa. Logo começa a escalar paredes pela cidade, sendo visto por algumas pessoas, o que o leva a lutar contra o crime, fazer a fantasia para manter sua identidade em sigilo e usar uma foto do mais novo herói de Nova York para vender ao Clarim Diário, conseguindo assim seu trabalho como fotógrafo em meio período.

O filme tem um roteiro simples, mas que funciona bem, apresentando a origem do herói e a personalidade de Peter Parker, em uma versão mais madura, no estilo de heróis e detetives das séries televisivas apresentadas naquela decada. As cenas de luta, assim como os efeitos especiais, são simples, porém satisfatórios para os recursos disponíveis na época. Destaque para o dublê do herói, nas cenas de ação, Fred Waugh, que durante toda a série fez questão de tornar as cenas de ação o mais reslistas possível, pendurando-se em edifícios e locais perigosos por meio de cabos. A trilha sonora combina perfeitamemente com o clima da produção. 

A atuação de Hammond foi muito convincente desde o filme piloto, porém mostrando evolução ao longo dos episódios desta série, que infelizmente durou apenas duas temporadas. 

O Homem-Aranha dos anos 70 deve ser lembrado e respeitado, não apenas por ser a primeira versão em carne e osso do herói aracnídeo, mas por seus ótimos roteiros, atuações e desafios de adaptar as cenas difíceis dos quadrinhos para uma versão aceitável para a tela, o que com certeza foi feito com louvor. Se nunca assistiu essa produção, não perca a oportunidade de conhecer este clássico esquecido, que marcou a primeira aparição em filme do herói mais querido da Marvel Comics, criado por Stan Lee.

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